No torvelinho de notÃcias de ontem, a
que mais chamou a minha atenção foi a de que o Exército pediu ajuda ao Governo
do Distrito Federal, para “manter a ordem na área do seu Quartel General em
BrasÃlia”. De acordo com o que publicou o Metrópoles, os militares solicitaram
que a Secretaria de Segurança Pública “atue em parceria com outras entidades e
autarquias, a fim de controlar ambulantes, trânsito de veÃculos, carros de som
e manifestantes ao redor do prédio”.
Nem o Exército aguenta mais os
bolsonaristas que resolveram instalar-se na frente de diversos quartéis, para
exigir um golpe de Estado, sob o falso pretexto de que a vitória de Lula na
eleição presidencial deve-se a uma gigantesca fraude nas urnas eletrônicas.
A massa é de gente delirante e
alucinada, no sentido psiquiátrico. Está afetada por psicose grave, condição na
qual a pessoa não consegue separar a realidade da irrealidade. Os psicóticos
estão propensos a ter falsas crenças e a ver e ouvir o que ninguém com saúde mental
preservada vê ou ouve. Isso explica não só a certeza de que houve fraude
eleitoral, como a facilidade com que eles acreditaram que o ministro Alexandre
de Moraes havia sido preso ou que, a cada saÃda de caminhões do Exército de um
quartel, um golpe militar está para ocorrer.
É como se vivessem permanentemente num
sonho — ou pesadelo. De fato, para Sigmund Freud, o pai da psicanálise, os
sonhos são uma manifestação psicótica. “O homem mais normal se torna psicótico
durante a noite: tem alucinações, a sua personalidade, tanto no plano lógico
como nos planos ético e estético, sofre uma transformação fundamental e
adquire, em geral, um caráter mais primitivo”, sintetizou Sandor Ferenczi, um
dos discÃpulos de Freud.
Os sonhos são expressões quase que
totalmente livres dos nossos desejos mais recônditos, que normalmente são
reprimidos pelo superego quando nos encontramos em estado de vigÃlia.
Dependendo do desejo e da repressão, a coisa pode descambar para as neuroses e
outros afecções mentais. No psicótico, não há repressão quase que nenhuma. DaÃ
também o fato de, para ele, não existir mais fronteira entre real e irreal.
Classificar essa gente de delirante e
alucinada não significa justificar atos arbitrários da parte do Judiciário,
como os de censura, que estão se tornando cada vez mais frequentes. Também não
há a intenção de ofender ninguém, muito menos de enquadrar todos os eleitores
de Jair Bolsonaro como loucos. É uma minoria que atormenta o paÃs. Estou
realmente convencido de que estamos assistindo a uma demonstração de loucura
individual que descambou para a coletiva.
Infelizmente, a menos que sejam submetidas a tratamento mental, essas pessoas morrerão acreditando que houve fraude nas urnas e que as Forças Armadas estão a um passo de dar um golpe. Dá para entender por que nem os militares suportam mais a loucura que ainda se desenrola logo ali nos seus portões. Metrópoles
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