Líder do governo Lula, Randolfe rompe com Marina Silva e deixa Rede

O senador Randolfe Rodrigues, líder do governo Lula no Congresso, acaba de comunicar ao partido pelo qual se elegeu, o Rede Sustentabilidade, que decidiu deixar a legenda. A decisão é um rompimento com Marina Silva, e foi tomada em virtude de crise iniciada no ano passado por uma série de desentendimentos entre os dois.

No comunicado, cuja íntegra você lê ao fim deste texto, Randolfe não cita Marina e agradece apenas à presidente do partido, Heloísa Helena. Ele não trata na carta das razões de sua saída.

O fato que pesou neste momento para a saída de Randolfe foi o apoio do Ministério do Meio Ambiente ao Ibama, que negou a licença para a Petrobras perfurar na foz do rio Amazonas, projeto de interesse para o desenvolvimento do estado do senador.

Randolfe criticou o Ibama nas redes sociais ontem:

“A decisão do Ibama contrária à pesquisas na costa do Amapá não ouviu o governo local e nenhum cidadão do meu estado. O povo amapaense quer ter o direito de ser escutado sobre a possível existência e eventual destino de nossas riquezas”.

Em 2022, Randolfe e Marina, os dois principais nomes do partido, afastaram-se em virtude da campanha presidencial. Marina não apoiou no começo do ano passado o projeto de Randolfe de lançar uma pré-candidatura presidencial como forma de tentar pautar o tema ambiental na disputa pelo Palácio do Planalto.

O objetivo de Randolfe era marcar posição para o partido e, ainda no primeiro semestre, desistir do pleito e declarar apoio a Lula. Marina foi muito relutante em apoiar o atual presidente e, diante do histórico de ataques do PT contra ela, só o fez após um gesto do então candidato em direção a ela, perto do primeiro turno.

Retaliação

Interlocutores do senador afirmam que ele viu na decisão de ontem de Marina Silva, sobre a foz do rio Amazonas, também um elemento político de retaliação a ele. Os dois disputam espaço na Rede há meses, e o ponto culminante disso foi a vitória de Heloísa Helena como presidente do partido, com o apoio de Randolfe e não de Marina, há algumas semanas.

Os dois não se falam há meses. Randolfe não foi à posse de Marina Silva, no começo do governo. Lula o escolheu líder do governo numa cota pessoal, sem relação com a Rede. Sem Randolfe, a Rede Sustentabilidade fica sem nenhum representante no Senado. O partido elegeu apenas dois deputados: a própria Marina e Túlio Gadêlha, de Pernambuco, o único a exercer o mandato.

Leia abaixo a íntegra da carta enviada por Randolfe a Heloísa Helena, com a decisão do desligamento.

“Companheiros e companheiras da REDE SUSTENTABILIDADE:

Nos últimos anos, o povo brasileiro enfrentou a sua quadra mais dramática. A Democracia, há muito conquistada, esteve sob real ameaça.

Neste período, nas ruas, nas instituições e em especial no Parlamento, o nosso partido esteve ao lado dos brasileiros lutando contra o fascismo, e cumpriu um papel histórico com amor, coragem e dedicação. Me honrará para sempre ter sido parte desta jornada épica.

Agradeço o companheirismo e o convívio deste período, em especial levo para toda a vida exemplos de lealdade ao povo, como o da companheira Heloísa Helena, que ontem, hoje e sempre me inspirará.

Minhas palavras trazem, sobretudo, gratidão. Tenho a certeza de que continuaremos juntos, nas lutas por democracia, justiça e na construção de uma sociedade livre da fome e da opressão.

Dito isso peço, em caráter irrevogável, a minha desfiliação da REDE SUSTENTABILIDADE.

Brasilia-DF, 18 de Maio de 2023.

RANDOLFE RODRIGUES.”

Guilherme Amado

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