A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que o ex-presidente não sabia da existência dos cartões de vacinação falsos, que motivaram o pedido de indiciamento do ex-presidente pela Polícia Federal nesta terça-feira, 19 de março.
“O ex-presidente jamais determinou ou soube que qualquer de seus assessores tivessem confeccionado certificados vacinais com conteúdo ideologicamente falso”, diz nota à imprensa assinada pelo escritório de advocacia Paulo Amador da Cunha Bueno.
Sobre a suposta ligação entre os certificados falsos e a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, citada pela PF, a defesa afirma que as autoridades “ignoram que não haveria qualquer motivo razoável ou efetividade na falsificação de certificados vacinais em relação ao ex-Presidente e a sua filha, menor de 18 anos”.
“O ex-Presidente não precisava utilizar qualquer documento vacinal, dada sua condição diplomática, para realizar viagem internacional”, acrescentou.
“Midiático”
e “parcial”
Também advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten classificou como “midiático” e “parcial” o pedido de indiciamento feito pela Polícia Federal contra o ex-presidente. Os investigadores pediram nesta terça-feira, 19, o indiciamento com base no inquérito das fraudes em cartões de vacinação.
Além de Bolsonaro, a PF também pediu o indiciamento do tenente-coronel Mauro Cid (ex-ajudante de ordens da Presidência da República) e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ).
“É lamentável quando a autoridade usa a imprensa para comunicar ato formal que logicamente deveria ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial”, escreveu Wajngarten, que foi secretário de Comunicação no governo de Bolsonaro, nas redes sociais
O caso deve ser apreciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que pode arquivar ou apresentar denúncia.
Bolsonaro
deu a ordem, disse Cid à PF
Como mostramos, a PF decidiu indiciar o ex-presidente por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações na investigação sobre seu cartão de vacinação.
Segundo o relatório da PF sobre o caso, o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, atribuiu ao ex-presidente a ordem para adulterar os registros do Sistema Único de Saúde (SUS).
“O colaborador MAURO CESA BARBOSA CID afirmou que o então Presidente da República ao tomar conhecimento de que MAURO CESAR CID possuía cartões de vacinação contra a Covid-19 em seu nome e em nome de seus familiares, ordenou que o colaborador fizesse as inserções para obtenção dos cartões ideologicamente falsos para ele e sua filha LAURA”, diz o documento, a que O Antagonista teve acesso.
O relatório segue: “Diante disso, MAURO CESAR CID, utilizando o mesmo modus operandi, solicitou a AILTON BARROS as inserções de dadas falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, em benefício de JAIR MESSIAS BOLSONARO e LAURA FIRMO BOLSONARO. O colaborador ainda afirmou que imprimiu os certificados e entregou em mãos ao então Presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO”.
Cid
disse ainda que entregou os cartões “em mãos” a Bolsonaro.
0 Comentários