Em ato esvaziado, Ramagem lança campanha ao lado de Bolsonaro e fala em ‘tirar soldados de Lula do Rio’

O PL lançou neste sábado, 16, a pré-candidatura de Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio. Em ato esvaziado que contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal e ex-presidente da Abin se concentrou em associar o prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O clã Bolsonaro seguiu a mesma linha.

— Vamos encerrar esse desgoverno de esquerda, tirar esses soldados do Lula do Rio — disse o pré-candidato.

Ramagem também evocou um samba da Mocidade Independente de Padre Miguel, em cuja quadra na Zona Oeste da cidade foi realizado o ato, para dizer que “sonhar não custa nada”. E lembrou que Bolsonaro ganhou de Lula nos dois turnos de 2022 no estado e na cidade do Rio.

Além de Bolsonaro, o evento teve lideranças do PL como o governador Cláudio Castro e o senador Flávio Bolsonaro, que puxou gritos de “fora Paes” e vaias ao prefeito.

— Quem está juntinho, com o rosto agarradinho com o Paes, é o chefe da quadrilha, Lula — alegou Flávio.

O pai adotou discurso parecido:

— O município do Rio de Janeiro está nas mãos de alguém que vive abraçado no atual mandatário da Nação. Que não tem nenhum compromisso, que defende a “ideologia de gênero” — disse Bolsonaro.

Uma das apostas do PL para Ramagem é a nacionalização da campanha, tendo como base a baixa aprovação a Lula no Rio.

Castro sobe o tom e critica Paes

Geralmente pouco afeito às pautas mais radicais do bolsonarismo, Castro bradou o mote “chama o delegado” para impulsionar a campanha de Ramagem e fez uma fala recheada de temas caros à extrema direita. Também alfinetou Eduardo Paes, com quem tem boa relação.

— Em 2022, o Rio fez a sua parte. Bolsonaro ganhou no Rio no primeiro e no segundo turno, e nós do PL ganhamos o governo do estado no primeiro turno. Sabe por quê? Porque ali tinha uma escolha muito importante. Você quer aborto no posto de saúde? Quer ideologia de gênero nas escolas? Quer bandido podendo matar policial à vontade? — questionou. — Este ano temos outra escolha a fazer. A escolha por quem nos fins de semana está nos botecos por aí ou a escolha de chamar o delegado para colocar ordem no Rio de Janeiro.

A candidatura de Ramagem ainda é considerada frágil por adversários por causa das investigações sobre a suposta espionagem ilegal quando esteve à frente da Abin. Há um entendimento de que uma eventual decisão da Justiça que o responsabilize de forma enfática pode minar a empreitada eleitoral.

— Ramagem trabalhou comigo, fez um excelente trabalho, deixou sua marca. E obviamente, quando se lança pré-candidato, o mundo cai na cabeça dele, como vem caindo na minha, porque sou um paralelepípedo no sapato da esquerda — disse Bolsonaro.

Ex-delegado da Polícia Federal, o homem de confiança da família do ex-presidente foi apadrinhado na política pelo vereador Carlos Bolsonaro, depois do trabalho à frente da segurança de Bolsonaro na campanha de 2018, após a facada. Ramagem chegou a ser nomeado pelo então presidente, em 2020, para comandar a PF, mas a indicação foi anulada pela Justiça porque havia suspeitas de tentativa de interferência na corporação.

Em 2022, o aliado foi eleito deputado federal pelo Rio. Para a disputa carioca deste ano, virou o escolhido do PL depois de Bolsonaro vetar o filho Flávio e de o general Walter Braga Netto ser considerado inelegível pela Justiça Eleitoral.

O Globo

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