Avanço de Nunes ao 2º turno coroa voo solo de Tarcísio sem Bolsonaro

A passagem do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), em primeiro lugar para o segundo turno da eleição à Prefeitura de São Paulo mais acirrada em décadas representou importante vitória do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se empenhou pessoalmente no projeto de reeleição do aliado, a despeito da hesitação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em se engajar na campanha do emedebista.

Nesse domingo (6/10), Nunes desbancou o influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato que mais ameaçava sua ida ao segundo por disputar com ele o eleitorado bolsonarista. O prefeito conquistou 29,48% dos votos, 25 mil a mais do que o deputado federal Guilherme Boulos (PSol), que obteve 29,07% e contra quem vai disputar o segundo turno em 27 de outubro. Marçal ficou em terceiro, com 28,14%.

Tarcísio articulou para que Bolsonaro apoiasse Nunes indicando o vice na chapa do prefeito, o coronel Mello Araújo (PL), mas não conseguir garantir participação efetiva do ex-presidente na campanha do aliado. Quando Marçal começou a crescer de forma expressiva nas pesquisas, entre agosto e setembro, e Bolsonaro passou a dar sinais favoráveis ao candidato do PRTB, o governador entrou de cabeça na eleição municipal para apoiar o emedebista.

O chefe do Palácio dos Bandeirantes chegou a fazer um bate e volta a Brasília para impedir o desembarque de Bolsonaro da aliança de Nunes após ouvir do ex-presidente que estava assinado seu “atestado de óbito” político ao insistir no apoio ao prefeito, diante do crescimento de Marçal.

Enquanto aguardava o engajamento de Bolsonaro, o governador comprou a briga pela reeleição do aliado, fazendo agendas frequentes ao lado do emedebista, participando da propaganda eleitoral no rádio e na TV e pedindo apoio sozinho em eventos com empresários e lideranças religiosas. Em todas as conversas, dizia que o prefeito é “honesto” e “humilde” e o único capaz de derrotar Boulos no segundo turno.

O esforço de Tarcísio é reconhecido por todos os outros aliados de Nunes. Na noite deste domingo (6/10), após o resultado favorável das urnas, o governador foi ovacionado antes do discurso do prefeito, que agradeceu o apoio de Tarcísio em primeiro lugar e depois abraçou o aliado, a quem chamou de irmão.

O engajamento de Tarcísio na campanha de Nunes marcou um voo solo bem-sucedido nas urnas sem a participação direta de Bolsonaro, seu padrinho político e responsável por lançá-lo candidato a governador em 2022. Entre os aliados de Nunes, o envolvimento tão dedicado de Tarcísio foi visto como um impulso decisivo, conferindo o carisma que faltava ao prefeito.

A campanha de Nunes vibrou tanto com o empenho do governador que fez um jingle sobre o tema. Com a ideia de juntar nomes de casais que são “shipados” (endossados) nas redes sociais, o marketing do emedebista criou uma paródia da música pop coreana Gangnam Style, de Psy, dizendo que São Paulo iria “NunesTar”, na junção de Nunes e Tarcísio.

Peso na retal final

Ainda assim, o prefeito chegou ao primeiro turno sob forte tensão, por causa das pesquisas da véspera que indicavam empate com Marçal, no segundo lugar.

Para aliados de Nunes, dois fatos ocorridos na reta final foram decisivos para conter o crescimento do influenciador entre o eleitorado de direta: a divulgação do laudo falso de Marçal contra Boulos, que afastou eleitores indecisos do adversário, e a live feita na sexta-feira (4/10) por Bolsonaro com o vice, Coronel Mello Araújo (PL), pedindo votos para o prefeito, que trouxe de volta alguns dos eleitores conservadores.

Bolsonaro declarou formalmente seu apoio ao prefeito e conclamou seus seguidores a não votarem em Marçal, além de criticá-lo publicamente. Aliados do ex-presidente e o governador queriam mais: uma participação no programa de TV e entrada na campanha, o que não ocorreu. A live da sexta-feira, contudo, foi recebida como um empurrão que ajudou a desembolar a corrida.

Postar um comentário

0 Comentários