Isolamento de Mourão livra ex-vice de vínculo ao golpe

As tentativas de associação do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) ao enredo da tentativa de golpe investigada pela Polícia Federal (PF) esbarram em um fato que ficou conhecido ainda durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro: o isolamento de Mourão da cúpula bolsonarista ainda durante o mandato que se entendeu de até o ano de 2022.

Braga Netto

Interlocutores ouvidos por O Antagonista reforçam: “Não há como associar o Mourão a isso. Ele estava isolado. Sequer era chamado para as reuniões”.

Ainda segundo líderes do Congresso, o ex-ministro-chefe da Casa Civil do Brasil, general Walter Braga Netto, se portava como vice-presidente diante da ausência de Mourão nas reuniões mais importantes.

Descolamento

Diante da ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro do país após o resultado das eleições em 2022, Mourão fez pronunciamento oficial no dia 31 de dezembro de 2022, reconhecendo “o encerramento constitucional” da gestão bolsonarista.

“Nenhuma novidade vinda desse que sempre disse que era um bosta”, reagiu o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) na rede social x.

Até aquela altura, o descolamento de Mourão da cúpula bolsonarista era notável. Em entrevista ao portal Uol no início desse ano o senador admitiu: “A partir do momento que o presidente Bolsonaro escolheu o Braga Netto para ser seu candidato a vice, ele me colocou de lado. Não me chamava nem para o cafezinho”.

Na mesma ocasião, ele revelou que interviu para que Bolsonaro reconhecesse a derrota nas urnas e orientasse a multidão acampada em Brasília a retornar para casa. “Ele apenas me ouviu. Não disse nem que sim, nem que não”, completou o parlamentar.

Fanfarronada

Em declaração feita ao podcast gravado para o canal de seu mandato, o general do Exército brasileiro questionou a narrativa do golpe divulgada até aqui.

“O que eu vejo nisso tudo é que nós temos um grupo de militares pequeno, a maioria militares da reserva, não vou precisar citar nomes, que em tese, montaram um plano sem pé nem cabeça. Eu não consigo nem imaginar como tentativa de golpe”, comentou.

E completou: “É importante que as pessoas compreendam que tentativa de golpe tem que ter um apoio de parcela expressiva da Força Armada. Ninguém dá golpe no país sem ter a Força Armada”.

O senador detalhou os pontos que considera contraditórios nas informações publicadas acerca da tentativa de golpe investigada. “Essas pessoas [investigados] não tinham comando de tropa. Você olha para os dados divulgados, um plano sem pé nem cabeça, onde teriam armas, mas iriam executar o presidente e o vice-presidente eleitos por envenenamento. […] Me parece que [o plano] jamais teria sido feito por pessoas que tiveram a oportunidade de fazer cursos de especialização dentro do Exército que os capacitaria em muito melhores condições para ações dessa natureza. Então vejo uma fanfarronada”, afirmou Mourão.

Pó de Pirlimpimpim

Para Mourão, há por parte da imprensa uma “busca incensante de envolver o presidente Bolsonaro” na trama golpista. Ele também considera que não há embasamento para o indiciamento do presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto.

“Arma-se esse cenário todo, joga-se um pó de Pirlimpimpim e aí saem 37 pessoas nesse pacote indiciadas”, disse.


Por Deborah Sena

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