A operação “anistia ampla, geral e irrestrita” para todos os envolvidos nos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, pano de fundo para a “anistia ampla, geral e irrestrita” para conspiradores e golpistas que ou incentivaram, organizaram e patrocinaram – antes e durante – a tentativa mambembe de golpe de Estado, ou dela participaram, direta e indiretamente, que tentaria, ao fim e ao cabo, culminar na “anistia ampla, geral e irrestrita” para Jair Bolsonaro, o pilar central deste movimento antidemocrático, sim, que já contava com chances mínimas de êxito, acaba de ser enterrada de vez com o atentado à bomba ocorrido ontem, quarta-feira, 13, em Brasília, em frente à sede do Poder Judiciário brasileiro.
Um militante radical bolsonarista, Francisco Luiz Wanderley, 59 anos, pequeno empresário de Santa Catarina que havia se mudado recentemente para a periferia de Brasília, resolveu mandar pelos ares o Supremo Tribunal Federal (STF), tendo como objetivo primário o assassinato do ministro Alexandre de Moraes, segundo a própria esposa do aloprado, que foi ouvida pela Polícia Federal (PF).
Em uma série de mensagens nas redes sociais, Wanderley deixava subentendidos seus atos futuros e indicava que iria se matar em seguida, o que é tido como o mais provável, após uma das bombas ter explodido junto à sua cabeça, quando se deitou no chão antes de acender o artefato que o vitimou fatalmente.
Tchau,
PL
Em tempos e circunstâncias “normais”, o caso e o autor seriam tratados como uma situação isolada, um ato de um lunático qualquer e nada mais, como visto em 1988, por exemplo, quando um sequestrador tentou atirar um avião da extinta companhia aérea, Vasp, sobre o Palácio do Planalto, para matar o então presidente da República, José Sarney.
Contudo, após o “bolsonarismo”, nada que atente contra quaisquer dos três Poderes constituídos, sobretudo o Poder Judiciário, mais especificamente ainda que envolva – mesmo que de raspão – o ministro Alexandre de Moraes, deixará de ser observado como, digamos, o “fim do mundo”, e merecerá todos os esforços e máximo rigor na apuração e punição.
Como extensão e consequência deste caso, a tentativa em curso dos parlamentares bolsonaristas de emplacar um PL (Projeto de Lei) que anistie os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro de 2023, que já era de dificílima aprovação, não apenas subiu definitivamente no telhado como, em caso de sucesso, será considerado inconstitucional e, portanto, anulado pelo Supremo – o que também já era esperado, mas agora reafirmado por Alexandre de Moraes:
“Só é
possível essa necessária pacificação do país com a responsabilização de todos
os criminosos. Não existe possibilidade de pacificação com anistia a
criminosos. Nós sabemos, e vocês que atuam no Ministério Público sabem, que um
criminoso anistiado é um criminoso impune”.
Por Ricardo Kertzman
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