A última vez que o garçom e artesão José Augusto Mota da Silva, de 32 anos, falou com a família, que vive em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo foi na quarta-feira. Depois de perguntar se todos estavam bem, contou para uma das irmãs, Meiriane Mota da Silva, de 38 anos, que estava com fortes dores no estômago e tinha marcado uma consulta numa clínica da família com um especialista. No início da madrugada de sábado (14), outra ligação trouxe a notícia que todos pensaram inicialmente que fosse um trote. Um amigo de José Augusto localizou parentes dele pelas redes sociais e contou que ele morrera sentado em uma cadeira na UPA da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. José Augusto passara pela triagem, e a equipe de saúde parece não ter percebido a gravidade do caso:
— Ele poderia estar vivo. Essas pessoas que estavam de plantão na UPA são monstros. Vamos processar a prefeitura. A gente retornou as ligações desse amigo para confirmar que não era mentira. Foi quando começaram a circular os vídeos em que mostram meu tio morto. Ficamos chocados — diz a funcionária de almoxarifado Emily Larissa, de 19 anos, filha de Meiriane.
Garçom
e artesão José Augusto era de Mogi Guaçu (SP) e tinha mais quatro irmãos —
A sobrinha e a irmã de José Augusto chegaram no início da noite de sábado ao Rio de ônibus para liberar o corpo.
Nascido
em uma família de cinco irmãos, José Augusto morava no Rio desde 2012. De dia
vendia artesanato na praia e à noite trabalhava como garçom em um restaurante
na Rua Olegário Maciel, na Barra da Tijuca. Nos últimos meses, morava sozinho
em Rio das Pedras, depois de romper com uma namorada.
— Ele
decidiu morar do Rio depois de ficar muito triste com a morte da mãe — disse
Larissa
Em dificuldades financeiras, José Augusto chegou a morar nas ruas de Copacabana. Quem conta é o porteiro Douglas Batista da Silva, o mesmo amigo que o levou para a Upa da Cidade de Deus. Ele definiu a situação como absurda e que alertou funcionários da unidade que o caso do amigo parecia ser muito grave. O Globo
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