E Lula ainda não conseguiu convencer os evangélicos



 

Lula passou todo o ano de 2024 tentando se conectar de alguma forma com o eleitorado evangélico. E não conseguiu, como constata reportagem da Folha de S.Paulo.

Já em dezembro de 2023, o Palácio do Planalto botou para circular propagandas cheias de “Graça alcançada, Senhor!” e “graças a Deus”.

O presidente também passou algum tempo encaixando “Deus” e “milagre” em seus discursos, deu conselhos a mulheres para não terem muitos filhos e fez até uma crítica pública à “putaria” no cinema e nas novelas em evento pelo Dia Nacional do Cinema.

Só um milagre

A missão é muito difícil, como constatou O Antagonista mais de uma vez. O passivo político do PT é muito grande, e os eleitores do partido mais à esquerda esperam ouvir um discurso contrário ao que agradaria aos evangélicos.

Em setembro, Lula sancionou uma lei para criar o Dia Nacional da Pastora Evangélica e do Pastor Evangélico. Em outubro, foi a vez de sancionar o Dia Nacional da Música Gospel, sempre com muitas orações e poses para a posteridade (foto).

Em maio, o petista já tinha enviado uma carta aos participantes da 32ª Marcha para Jesus, na qual exaltou a importância da igreja cristã para a formação de uma sociedade mais justa e igualitária — seu representante no evento foi o advogado-geral da União, Jorge Messias.

Haja reza

Nesse mesmo esforço de se aproximar do eleitorado religioso, a Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do PT, preparou uma cartilha para instruir os candidatos do partido sobre como “acessar o coração dos evangélicos” na campanha municipal deste ano.

Apesar do esforço, o instituto Datafolha indica que o percentual de evangélicos que classificam a gestão de Lula como ruim ou péssima foi de 35%, no início do mandato, para 43% neste mês.

A celebrar, apenas a leve oscilação negativa — em vez de uma queda expressiva —, de 28% para 26%, entre os eleitores evangélicos que consideram o governo do petista ótimo ou bom.

Espontânea?

“A dificuldade já foi maior”, disse Messias à Folha. “Se fizéssemos algo artificial, teríamos tido avanços mais óbvios, mas não é nisso em que acreditamos. Uma relação natural, espontânea, demora mais, mas tem resultados mais duradouros”, analisou.

Se os lulistas acreditam que os sinais passados pelo presidente não soam como artificiais, será preciso aumentar muito a intensidade das preces para que se manifeste enfim o milagre que irá conectar Lula aos evangélicos.

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