Um
depoimento do acordo de delação de Mauro Cid coloca
os ex-ministros Onyx Lorenzoni (Secretária Geral) e Gilson Machado (Turismo) e
os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES) entre os aliados de Bolsonaro
que defendiam um golpe militar.
A
coluna teve acesso ao depoimento que foi revelado pelo colunista Elio Gaspari.
Os
ex-ministros e senadores, segundo depoimento de Cid à PF em agosto de 2023,
integravam uma ala mais radical de apoiadores de Bolsonaro.
Ao
lado deles estavam o deputado Eduardo
Bolsonaro, a esposa do ex-presidente, Michelle, o assessor Filipe
Martins e o general Mário Fernandes.
Desse
grupo, somente Mario Fernandes e Filipe Martins foram indiciados pela
Polícia Federal no inquérito sobre o golpe.
“Que
o general Mario Fernandes atuava de forma ostensiva, tentando convencer os
demais integrantes das forças a executarem um golpe de Estado. Que compunha
também o referido grupo a ex- primeira dama Michelle Bolsonaro”, disse Cid.
Sobre
Martins, Cid afirmou que ele se encontrava com Bolsonaro e foi responsável por
entregar o texto com os considerandos para a prisão de várias pessoas, entre
elas, o ministro Alexandre de Moraes.
De
acordo com Cid, os integrantes da ala mais radical conversavam constantemente
com Bolsonaro “instigando-o para dar um golpe de Estado, afirmavam que o
ex-presidente tinha o apoio do povo e dos CACs [Colecionadores, Atiradores
Desportivos e Caçadores] para dar o golpe”.
A
afirmação de Cid foi em resposta a pergunta da PF sore “prática de atos
relacionados a uma possível tentativa de execução de um golpe de Estado” após a
derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Segundo
ele, entre os aliados que visitavam Bolsonaro no Palácio do Alvorada, havia um
grupo conservador, um moderado e um terceiro grupo de radicais.
No
depoimento, Cid divide o grupo de radicais em dois.
“Que
o primeiro subgrupo menos radicais que queriam uma fraude nas urnas. Que o
segundo grupo de radicais era a favor de um braço armado. Que gostariam de
alguma forma incentivar um golpe de Estado”, disse Cid.
Entre
os menos radicais, disse Cid, estava o presidente do PL, Valdemar da Costa
Neto, indiciado pelo PF no inquérito do golpe.
Segundo
Cid, a ala mais radical “não era um grupo organizado, eram pessoas que se
encontravam com presidente, esporadicamente, com a intenção de exigir uma
atuação mais contundente do então presidente”.
DEFESAS
Em
nota, o senador Jorge Seif afirma que não ouviu, abordou ou insinuou “nada
sobre o suposto golpe com o presidente da República nem com quaisquer dos
citados na delação vazada”.
“O
conteúdo do depoimento ilegalmente vazado é apenas uma opinião de classificação
que me inclui de forma criminosa como parte de um grupo fictício, e não contém
nenhum relato de fato específico sobre participação minha que jamais existiu”,
diz a nota.
O
senador disse negar “veementemente que em quaisquer de meus encontros com o
Presidente tenha abordado ou insinuado decretação de intervenção ou outras
medidas de exceção, o que prova que o depoimento vazado é completamente
inverídico”.
“Informo
que ingressarei com as medidas jurídicas cabíveis em relação ao vazamento do
depoimento sigiloso, e à denunciação caluniosa feita contra minha pessoa”, diz
a nota.
Do Metrópoles
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