O
ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, avisou ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva que permanecerá no cargo. Ele havia sinalizado o desejo de deixar a
pasta, após dois anos de agenda intensa e esforços para pacificar a relação do
governo petista com as Forças Armadas, em especial após os atos golpistas de 8
de janeiro.
Segundo
interlocutores, Múcio já havia, inclusive, esvaziado as gavetas do seu gabinete
e aguardava um chamado de Lula para uma conversa definitiva. No encontro, na
sexta-feira passada, o presidente teria dito a ele que não aceitaria sua
demissão e pediu que permanecesse no cargo até menos até o fim deste ano.
Múcio
agrada aos chefes das Forças Armadas, que demonstraram contrariedade à
possibilidade de o vice-presidente, Geraldo Alckmin. Na avaliação de militares,
por ser amigo pessoal de Lula, o atual ministro tem mais forças para defender
os interesses dos quartéis.
A
possibilidade de Alckmin assumir a Defesa tem sido discutida nos bastidores do
governo como parte da reforma ministerial. A ideia seria oferecer o Ministério
do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, pasta atualmente comandada
pelo vice, a um partido aliado.
Em
conversas reservadas, Múcio tem dito que o presidente precisa encontrar alguém
com perfil "paciente" para substituí-lo no posto. A avaliação de
interlocutores do ministro da Defesa é que o cargo precisa ter um nome de peso,
uma vez que necessita ter o respeito das tropas.
Ao assumir o cargo, Múcio precisou contornar desconfianças mútuas diante da suspeita de envolvimento de militares em tentativa de golpe. Com o avanço das investigações e a prisão de oficiais das Forças Armadas, o ministro costuma repetir que as práticas ilícitas foram cometidas por indivíduos, numa tentativa de blindar a instituição da vinculação com atos antidemocráticos.
O Globo
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