O temor de o STF decretar uma prisão preventiva ou o uso de tornozeleira eletrônica em Jair Bolsonaro logo após ele virar réu foi um dos principais motivos que levaram o ex-presidente a não comparecer ao segundo dia do julgamento de sua denúncia na Corte, nesta quarta-feira (26/3).
Conforme a coluna noticiou mais cedo, desde a noite da terça-feira (25/3), aliados e advogados de Bolsonaro se mostravam preocupados com rumores de que o ministro Alexandre de Moraes poderia aproveitar a presença do ex-presidente no Supremo e decretar a prisão ou o uso de tornozeleira.
A preocupação foi tamanha que advogados de Bolsonaro se reuniram às pressas na noite da terça para discutir o assunto durante um jantar em um restaurantes de carnes no Lago Sul, área nobre de Brasília. O encontro reuniu os advogados Celso Vilardi e Fabio Wajngarten, segundo apurou a coluna.
Pela tese de bolsonaristas, a ausência de Lula e dos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), favoreceria esse cenário, na medida em que deixaria Bolsonaro sem ter a quem recorrer em caso de eventual prisão. Os três estão no Japão.
Diante dos rumores, auxiliares de Bolsonaro passaram a procurar integrantes do Poder Judiciário em Brasília na noite da terça. Ministros de tribunais superiores próximos ao ex-presidente, no entanto, minimizaram as chances. A avaliação é de que apenas a aceitação da denúncia não seria motivo suficiente para isso.
“Só se existir um outro motivo. Mas apenas em razão do recebimento da denúncia não teria sentido algum”, avaliou à coluna sob reserva um influente magistrado de Brasília, lembrando que, para ser alvo de alguma medida cautelar agora, Bolsonaro teria de interferir de alguma forma no andamento do processo.
O julgamento da denúncia de Bolsonaro no inquérito do golpe começou na terça-feira, na Primeira Turma do STF, e segue na quarta-feira. O ex-presidente foi à Corte no primeiro dia e tinha sinalizado que também iria no segundo. Na manhã da quarta-feira, porém, o ex-mandatário recuou e decidiu não comparecer ao Supremo.
Conforme a coluna noticiou na terça, ministros do STF viram a presença de Bolsonaro no primeiro dia de julgamento como uma “tentativa de provocação”. Também avaliaram que o ex-presidente da República quis demonstrar que “não é covarde” e que não pretende fugir do Brasil, caso seja condenado pela Corte.
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