Trump recua e suspende cobrança de tarifa do México e Canadá

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump recuou novamente na guerra comercial que ele mesmo produziu. Agora, a cobrança de tarifas de produtos importados do México e do Canadá só vai começar em abril, disse ele.

O mundo tenta decifrar a equação. Ainda na campanha, Trump prometeu taxar produtos importados até mesmo de aliados comerciais. E nesta semana, em três dias, as regras tarifárias mudaram três vezes. Na terça-feira (4), entraram em vigor taxas de 25% anunciadas pela Casa Branca sobre produtos do México e do Canadá. Trump tinha sinalizado que não haveria espaço para negociação.

Mas na quarta-feira (5), a Casa Branca anunciou uma mudança especificamente para o setor automobilístico: isentou, temporariamente, montadoras. E, nesta quinta-feira (6), afirmou que todas as taxas sobre produtos que se enquadram no acordo de livre comércio entre os Estados Unidos, o México e o Canadá também vão serão, por hora, retiradas.

Esse acordo foi assinado em 2018, ainda no primeiro mandato de Trump, e responde pela maioria das transações entre os três países. Então, na prática, esse relaxamento nas tarifas desta quinta-feira (6) é bem amplo. Trump foi, primeiro, às redes sociais divulgar a decisão sobre o México:

"Fiz isso como um ajuste e por respeito à presidente Sheinbaum. Nosso relacionamento tem sido muito bom, e estamos trabalhando duro, juntos, na fronteira, tanto para impedir a entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos quanto para parar o fentanil”.

"Como você quer que o México continue colaborando com os Estados Unidos, agora, com tarifas que prejudicam os mexicanos?".

Em seguida, Trump anunciou também o relaxamento temporário das tarifas ao Canadá. Tudo em um mesmo decreto assinado diante da imprensa - mais uma marca do atual governo. É um respiro. O recuo vale só até 2 de abril. Trump disse que, a partir dessa data, vai além: vai impor tarifas recíprocas sobre todos os países que taxam produtos americanos.

Até para quem acompanha de perto a complexidade das relações comerciais, está difícil entender essa montanha-russa. O professor de economia Nicholas Ekonomides, da Universidade de Nova York, afirmou que esse estilo de negociação que impõe e depois retira tarifas é o estilo Trump de governar.

"As taxações podem mostrar que os países vão sentir a dor. E aí o governo vai e reduz ou negocia’", explica.

Para o especialista, outros governos podem já ter entendido como funciona esse jeito de Trump. Ele diz:

"Se eu fosse um exportador, eu esperaria três semanas até decidir minha posição, porque é nesse período que as coisas vão e voltam".

O principal índice da bolsa de valores americana fechou em queda de quase 1%. No Brasil, o Ibovespa subiu 0,25%, e o dólar comercial fechou praticamente estável - R$ 5,75.


JN

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