Apesar das críticas de Bolsonaro, a bancada do PL na Câmara contrariou a posição do ex-presidente e votou “sim” ao “PL da Reciprocidade“, que permite ao governo Lula adotar medidas contra o “tarifaço” anunciado por Donald Trump.
Em conversas reservadas, bolsonaristas argumentam que, embora uma ala do PL concorde com o ex-presidente de que o melhor caminho seria a diplomacia, não havia como contrariar o agronegócio em um tema tão sensível.
Apesar de terem votado “sim”, bolsonaristas dizem esperar que o projeto seja um “tiro pela culatra” para Lula. A aposta é de que a reciprocidade fará o governo brasileiro diminuir impostos de importação a produtos americanos.
O PL, que está em obstrução em todas as votações na Câmara por causa do projeto da anistia, retirou a obstrução após o plenário atingir quórum suficiente para que o PL da Reciprocidade fosse votado na quarta-feira (2/4).
Líder do PL diz que
Bolsonaro autorizou
Líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) afirmou à coluna na manhã desta quinta-feira (3/4) que o ex-presidente Jair Bolsonaro autorizou a bancada a votar a favor do chamado “PL da Reciprocidade”.
Sóstenes disse que ligou para Bolsonaro, após o ex-presidente criticar o projeto nas redes sociais. Na conversa, o líder disse entender as razões das críticas do ex-mandatário, mas ponderou que a bancada queria votar a favor.
“Nós não o contrariamos. Ele autorizou”, disse o líder do PL.
Segundo Sóstenes, no momento da ligação, o senador Rogério Marinho (PL-RN) estava ao lado de Bolsonaro, também argumentando a favor do projeto. “Bolsonaro disse: ‘Já entendi, Sóstenes. Não tem problema, não’”, relatou.
Críticas
Já Bolsonaro, aliado de Trump, escreveu em suas redes sociais que as sobretarifas do atual presidente dos Estados Unidos são apenas uma forma de proteger o país do “vírus socialista”.
“Uma eventual guerra comercial com os EUA não é uma estratégia inteligente e não preserva os interesses do povo brasileiro. A única resposta razoável à tarifação recíproca dos EUA é o governo Lula extinguir a mentalidade socialista que impõe grandes tarifas aos produtos americanos, inviabilizando o povo brasileiro de ter acesso a produtos de qualidade mais baratos”, afirmou Bolsonaro.
Filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro também criticou o projeto votado no Brasil. Autoexilado nos Estados Unidos, o deputado licenciado disse que votaria “contra” a proposta levada ao plenário na Câmara.
“Claro que seria mais confortável, para mim, aderir a narrativa do estadista imparcial que une direita e esquerda contra um inimigo externo, mas nem sempre o caminho mais suave é o melhor para os brasileiros”, disse Eduardo.
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