Trump perde na quebra de braço e recua de tarifaço

Na guerra comercial travada por Donald Trump, os Estados Unidos teve a sua primeira derrota após o presidente voltar atrás nas tarifas reciprocas e anunciar uma pausa nas medidas tarifárias anunciadas na semana passada.

Pelos próximos 90 dias, a taxa será de apenas 10% – com exceção da China, que viu a tarifa subir para 125%, com a troca de retaliações entre as duas maiores economias do mundo. Trump não aguentou a queda forte nos mercados e pressão dos grandes empresários americanos, que estão preocupados com o aumento de custos que as imposições tarifárias podem gerar e a economia global ter virado de cabeça para baixo.

Além disso, pegou mal para o presidente o posicionamento da China de não se dobrar diante das exigências do presidente norte-americano, o que estava dando força para outros países revidarem o aumento de tarifas, no caso do Canadá e de 26 países da União Europeia.

Ao longo dos últimos dias, Trump chegou a acenar diversas vezes para Xi Jinping, afirmando que aguardava pelo telefonema do presidente chinês para acertar uma negociação. Mas a única resposta de Pequim foi a de que eles lutariam “até o fim” caso os EUA insistissem nas tarifas contra produtos chineses.

Após o recuo de Trump, o mercado deu uma guinada de 360 graus e aproveitou para recuperar as perdas dos últimos dias.

O S&P 500, por exemplo, registrou o maior ganho diário desde 2008. Já o índice Nasdaq, que reúne as maiores empresas do setor de tecnologia, também teve o maior salto diário desde janeiro de 2001 e o segundo melhor desempenho intraday na história.

Enquanto não saem os próximos capítulos da guerra comercial, os investidores ficam de olho no Índice de Preços ao Consumidor (CPI, em inglês) dos Estados Unidos.

As projeções apontam para uma desaceleração mensal e anual, fechando março com alta de 0,10% e 2,6% em 12 meses. Além disso, os economistas esperam que o efeito do aumento de tarifas já comece a aparecer em alguns grupos.

Vale lembrar que o Federal Reserve está acompanhando de perto a evolução dos preços, tanto que a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) trouxe a preocupação com o resultado das medidas de Trump.

As bolsas asiáticas fecharam em alta, com destaque para a bolsa de Tóquio que disparou mais de 9%. O mercado europeu avança forte, enquanto os futuros de Wall Street operam no negativo.

O que esperar do Ibovespa

Por aqui, os investidores aguardam os dados do setor de serviços; a expectativa é de estabilidade para o mês de fevereiro.

Além disso, a atenção com a guerra comercial continua. O Brasil entrou para a lista de países que subiu o tom com os Estados Unidos. Embora o governo busque uma negociação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “tudo que fizer conosco, haverá reciprocidade”.

Após participação na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), Lula disse que o Brasil vai para acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) ou agir na base da reciprocidade. Ainda, sim, o presidente reforçou vai “utilizar todas as palavras de negociação que o dicionário permitir”.

No último pregão, o Ibovespa (IBOV) teve mais uma sessão marcada por volatilidade. Mas o índice ganhou força, firmou alta e saltou quase 4 mil pontos na segunda parte da sessão com o alívio temporário das tarifas de importação dos Estados Unidos.

O principal índice da bolsa brasileira fechou aos 127.795,93 pontos, com alta de 3,12%.

Já o dólar à vista (USBRL) encerrou as negociações a R$ 5,8473, com queda de 2,51% sobre o real, no menor nível em um mês.


Por Juliana Américo

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