Governo quer impedir Tarcísio de herdar capital político de Bolsonaro após tornozeleira

Após a instalação de tornozeleira eletrônica em Jair Bolsonaro, o governo Lula traça duas estratégias principais: evitar que o ex-presidente se vitimize e impedir que Tarcísio de Freitas herde seu capital político.
A avaliação no Planalto é que a operação da PF, que encontrou US$ 14 mil na casa de Bolsonaro e o proibiu de sair à noite e usar redes sociais, comprometeu sua viabilidade política. A tática agora é associar Tarcísio ao desgaste de Bolsonaro e impedir comoção popular em defesa do ex-presidente.
Interlocutores de Lula dizem que Bolsonaro já não mobiliza o eleitorado de centro e que, com o veto dos EUA a ministros do STF, fica mais difícil sustentar um discurso de perseguição internacional.
Exemplo da ofensiva contra Tarcísio foi dado por Gleisi Hoffmann, que o associou ao tarifaço de Donald Trump contra o Brasil, responsabilizando o governador por conspirar com Bolsonaro e aliados nos EUA.
Apesar de reconhecerem que a operação desviou o foco de pautas favoráveis ao governo, como justiça tributária e soberania nacional, auxiliares de Lula dizem que o episódio era inevitável e pode ser revertido politicamente.
O Planalto orientou ministros a não explorar publicamente a ação da PF para não alimentar a narrativa de perseguição. Lula, inclusive, evitou mencionar o caso em seu discurso.
O PT, por sua vez, reforça temas que favorecem Lula, como soberania e economia, e tenta manter o foco nesses assuntos. Segundo Edinho Silva, presidente eleito do partido, “Bolsonaro é problema do Ministério Público e do Judiciário”.
Da FOLHAPRESS