Entre a fé e a política, Silas Malafaia aposta em um discurso cada vez mais ideológico e polarizador

Não há com não especular que o pastor Silas Malafaia, conhecido tanto por sua liderança religiosa quanto por sua crescente atuação política, que tem feito cada vez mais barulho ao misturar fé e ideologia — tanto no púlpito quanto nas redes sociais não esteja de olho em disputar cargo publico, ele sabe muito bem onde quer chegar. O que antes era um ministério voltado à pregação do evangelho e ao pastoreio espiritual, hoje se assemelha mais a uma mistura política. Em vez de concentrar-se em temas espirituais, Malafaia tem dedicado grande parte de sua energia a confrontar autoridades, criticar instituições e defender figuras públicas muitos deles condenadas pela Justiça — desde que estejam alinhadas ao bolsonarismo. Seu discurso, que se diz em nome da justiça, muitas vezes se mostra mais como um escudo ideológico do que como um valor absoluto.
No cenário internacional, o pastor também adota uma postura seletiva: condena a Rússia pela guerra contra a Ucrânia, mas silencia diante das ações de Israel na Faixa de Gaza — hoje uma terra arrasada, marcada pela fome, destruição e sofrimento de um povo que paga um preço altíssimo pela presença de um grupo terrorista na região. Mesmo diante de denúncias de violações graves contra os direitos humanos dos palestinos, Malafaia mantém-se calado, revelando um viés ideológico e político claro. Essa parcialidade reforça a percepção de que ele caminha, passo a passo, rumo a um projeto político próprio. Ainda que uma candidatura à Presidência da República pareça distante, certamente esse processo não ocorrerá em 2026, no entanto, discurso vem sendo moldado com precisão. E se isso se confirmar, o púlpito poderá, de fato, ser trocado pela urna. Outro ponto que chama atenção é sua constante confrontação ao Judiciário brasileiro — o que levanta a possibilidade de que, caso fosse alvo de medidas legais, Malafaia poderia tentar se posicionar como mártir, alegando perseguição religiosa no país.
Por CLAUDEMI BATISTA