Diante da ofensiva inédita de Israel, milhares abandonam Gaza City em uma marcha marcada por medo, dor e incerteza

A cena é devastadora: um verdadeiro formigueiro humano abandona tudo o que conhece, em uma marcha desesperada pela sobrevivência. Na terça-feira, 16, cerca de 350 mil pessoas deixaram Gaza City, a cidade mais densamente povoada da Faixa de Gaza, carregando apenas o que podiam levar nas mãos, nos braços ou nos ombros. Famílias inteiras se arrastavam sob o sol, em meio a escombros, medo e incerteza.
É mais um capítulo angustiante da tragédia humanitária que se aprofunda na região desde os ataques brutais promovidos pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023. Agora, pela primeira vez desde o início do conflito, o governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu, coloca como objetivo militar direto a destruição total de Gaza City — uma ação sem precedentes, que provoca revolta na comunidade internacional e é duramente criticada até dentro de Israel, diante do alto custo humano e da eficácia militar altamente questionável.
Às margens do Mediterrâneo, uma cidade inteira se esvazia sob bombardeios e ameaças. O que resta são vozes em fuga, olhos em lágrimas e um povo em êxodo, sem saber se haverá um lar ao qual retornar.