Ministro não tem bens nos EUA, visto vencido e diz que medida é inócua. Até sua data de nascimento foi divulgada errada

Apesar de toda a retórica barulhenta e do tom de confronto adotado por Donald Trump ao anunciar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, a exclusão de 694 itens da medida revela uma contradição típica do presidente americano: muita encenação e cálculo político por trás do grande espetáculo. A decisão de poupar quase 700 produtos indica que, no fundo, interesses comerciais e pressões internas falaram mais alto do que o discurso de “linha dura”. Trump quis posar de firme para sua base, mas evitou prejudicar setores estratégicos dos EUA. O resultado? Um tarifaço mal calibrado, que acabou prejudicando politicamente a ala bolsonarista no Brasil e, curiosamente, fortalecendo Lula. Afinal, há poucas semanas especulava-se até se o petista disputaria a reeleição. Agora, com a retórica nacionalista nas mãos, Lula tomou a bola do bolsonarismo e passou a dominar o discurso patriótico — justamente aquele que a direita perdeu no meio de campo.
E sobre Alexandre de Moraes, sua inclusão na lista de sanções da Lei Magnitsky também parece ter sido mais barulho do que efeito real. Para começar, erraram até a data de nascimento do ministro no anúncio oficial. Segundo interlocutores, Moraes não se sentiu atingido em nada: ele não possui contas, bens ou investimentos nos Estados Unidos, e seu visto de entrada no país está vencido há anos — sem que ele tenha demonstrado interesse em renová-lo. Do ponto de vista prático, como ele mesmo teria afirmado a aliados, as sanções são inócuas e meramente simbólicas.
Por: CLAUDEMI BATISTA