Decisão do ministro é vista como aceno a opositores que atacam a legitimidade do Supremo e fortalece discursos antidemocráticos no Brasil e nos Estados Unidos

O voto do ministro Luiz Fux, no julgamento sobre trama golpista, a atuação das milícias digitais e os ataques institucionais ao Supremo Tribunal Federal, foi recebido com entusiasmo por setores oposicionistas — tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos — que têm promovido ataques diretos à legitimidade da Suprema Corte. Ao adotar uma posição mais restritiva quanto à atuação do STF no enfrentamento à desinformação e às ameaças à democracia, Fux acabou fortalecendo, ainda que indiretamente, o discurso de grupos que tentam minar a autoridade do Judiciário em nome de uma suposta defesa da liberdade.
Mais do que uma divergência jurídica, o voto de Fux levanta uma questão: até que ponto um ministro da Suprema Corte pode se alinhar, mesmo que parcialmente, a argumentos utilizados por aqueles que atacam a própria instituição da qual faz parte? Em que troca se justifica um gesto que, na prática, acaba favorecendo narrativas antidemocráticas e incentivando a radicalização política? Ser simpático a esse tipo de retórica, ainda que em nome da prudência institucional, pode enfraquecer a Corte e gerar um efeito perigoso: o de validar, pelo alto, aquilo que nasce da base mais autoritária da política. O voto de Fux dá combustível para os EUA atacarem e sancionarem tanto o brasil quanto a suprema corte.