STF tem divergência, não autoritarismo — e o voto de Fux prova isso

O voto do ministro Luiz Fux, ao defender a anulação do processo contra Bolsonaro e aliados na chamada trama golpista, desmonta a narrativa de que o STF age de forma autoritária ou unânime. Fux argumentou que os réus não têm foro privilegiado, e que o Supremo não tem competência para julgá-los. Também apontou cerceamento de defesa pelo excesso e má organização de documentos no processo.
Essa divergência, feita com base jurídica, mostra que há espaço para debate real dentro da Corte. Enquanto ministros como Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram pela condenação, Fux foi na direção oposta — e o fez publicamente, sem censura ou pressão. Isso é democracia.
Dizer que o STF é uma “ditadura de toga” ignora votos como esse. Críticas são legítimas, mas deslegitimar a instituição quando há divergência interna visível é pura retórica política.
Mesmo em casos graves, o devido processo legal precisa ser respeitado. E foi exatamente isso que o voto de Fux reforçou: o Supremo não persegue — ele debate. E esse é um sinal claro de força institucional, não de autoritarismo.