Convocações, postagens e estímulo a mobilizações foram citados por Moraes e pela PF como fatores que levaram às prisões domiciliar e preventiva de Jair Bolsonaro, por risco de fuga, tumulto e descumprimento de medidas judiciais

As duas decisões judiciais que levaram às prisões de Jair Bolsonaro — a domiciliar em agosto e a preventiva neste sábado (22/11) — tiveram como elemento comum a atuação de seu filho Flávio Bolsonaro. Em ambas, o ministro Alexandre de Moraes citou diretamente o senador, apontando que suas ações estimularam o descumprimento de medidas judiciais e criaram riscos à ordem pública. No caso mais recente, a Polícia Federal identificou que Flávio convocou uma vigília de apoiadores em frente ao condomínio onde o ex-presidente cumpria cautelares, o que motivou o pedido de prisão preventiva por risco de fuga e potencial tumulto.
A decisão de Moraes destacou que a postagem do senador incitava apoiadores a se reunirem no local, utilizando o mesmo “modus operandi” associado à organização criminosa investigada por tentativa de golpe em 2022. A PF avaliou que o ato poderia evoluir para um acampamento semelhante aos de 2022, trazendo efeitos imprevisíveis e ameaçando a segurança de agentes e manifestantes. Concordando com a análise da corporação e da Procuradoria-Geral da República, Moraes determinou a prisão preventiva de Bolsonaro, que foi levado para a Superintendência da PF nas primeiras horas da manhã.
A primeira prisão, decretada em agosto, também envolveu Flávio, que publicou um vídeo — posteriormente apagado — mostrando o pai participando por videochamada de um ato público, mesmo estando obrigado a permanecer em casa e usar tornozeleira eletrônica. O ministro interpretou a gravação e outra postagem do senador como tentativas de estimular apoiadores, pressionar o STF e reeditar mobilizações golpistas, reforçando a reincidência de condutas. Para o STF e a PF, o risco de novas aglomerações e instabilidade social justificou novamente a adoção de medidas extremas, e Bolsonaro agora cumpre prisão preventiva em uma sala da PF.
Escrito por: Giovanna Estrela