Pesquisa mostra 55,7% de desaprovação ao governo argentino; crise econômica, denúncias de corrupção e austeridade alimentam desgaste do presidente ultraliberal

A dois dias das eleições legislativas, o presidente argentino Javier Milei enfrenta forte desgaste político e econômico. Segundo pesquisa AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira (24/10), 55,7% dos argentinos desaprovam sua gestão, enquanto 39,9% aprovam. A diferença de quase 15 pontos é a maior da série histórica do instituto, indicando queda consistente na popularidade do líder ultraliberal.
O levantamento mostra ainda que 51,8% consideram o governo “ruim” ou “muito ruim”, contra apenas 24,6% que o avaliam como “bom” ou “excelente”. A insatisfação cresce em meio a crises políticas, denúncias de corrupção e os efeitos das políticas de austeridade. Corrupção (50,8%), desemprego (33,2%) e inflação (30,8%) são os principais problemas citados.
Escândalos envolvendo pessoas próximas, como a irmã e assessora Karina Milei, minaram o discurso anticorrupção do presidente. 68% dos entrevistados dizem que o país vai mal, 70% afirmam que o mercado de trabalho piorou e 51% consideram ruim a situação financeira das famílias.
As eleições de domingo (26/10) serão decisivas: estarão em disputa 127 das 254 cadeiras da Câmara e 24 do Senado. O partido de Milei, hoje com 37 deputados e seis senadores, tenta ampliar sua base para viabilizar reformas.
Mesmo com apoio dos EUA e investidores, Milei enfrenta forte resistência interna. Ele defende que os ajustes são necessários para “reconstruir a Argentina”, citando acordos cambiais com o Tesouro norte-americano e negociações de crédito com bancos dos EUA.
As pesquisas indicam disputa acirrada com a coalizão peronista, sobretudo em Buenos Aires. A pesquisa ouviu 6.526 eleitores entre 15 e 19 de outubro, com margem de erro de 1 ponto percentual. Por Manuela de Moura