Rivais políticos se preparam para uma das disputas mais intensas da próxima eleição

Durante as eleições municipais de 2020, João Campos (PSB), então candidato à prefeitura do Recife, afirmou categoricamente que “não haveria indicação política do PT” em seu governo, caso fosse eleito. A declaração, dada em entrevista ao UOL a época, não foi um mero acaso: ela fazia parte de uma estratégia clara para se distanciar do Partido dos Trabalhadores e captar votos do eleitorado mais conservador, em especial num cenário onde enfrentava sua prima e candidata do PT, Marília Arraes.
A tática funcionou. Campos venceu as eleições com forte apoio de setores que viam no PT um desgaste político e, ao se posicionar como “independente”, conseguiu equilibrar sua imagem entre o campo progressista e o centro conservador.
Contudo, o seu discurso mudou radicalmente nos anos seguintes. Hoje, Campos não só conta com integrantes do PT em sua gestão – como foi o caso da entrada do partido na Prefeitura em 2023, com o controle de pastas como Meio Ambiente e Habitação – como também faz declarações públicas de apoio ao presidente Lula e defende o governo federal em diversas pautas.
Enquanto em 2020 o antipetismo servia como ferramenta eleitoral, hoje, a aproximação com Lula representa capital político e institucional valioso, principalmente diante das movimentações nacionais do PSB e a expectativa de João Campos disputar cargos maiores no futuro.
A governadora Raquel Lyra, que migrou do PSDB para o PSD, busca fortalecer sua base aliada e estreitar laços com o governo Lula, enquanto Campos, hoje, com uma sólida relação com o presidente Lula, almeja consolidar sua posição nacional à frente do PSB. A disputa em Pernambuco nas eleições do próximo ano reflete a polarização política do país, com ambos os candidatos se posicionando estrategicamente para atrair diferentes espectros eleitorais.
Por: CLAUDEMI BATISTA