Convênios com entidades que descontam valores de aposentados cresceram sob Bolsonaro e seguiram ativos na gestão Lula, revelando atuação conjunta na chamada “farra do INSS”

Levantamento da Operação Sem Desconto mostra que os governos de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) tiveram participação complementar na chamada “farra do INSS”, envolvendo convênios com entidades que efetuaram descontos em aposentadorias.
Sob Bolsonaro, houve a assinatura de convênios com as entidades que mais descontaram valores, totalizando R$ 2,3 bilhões entre 2019 e 2022. Já no governo Lula, os descontos chegaram a R$ 3,8 bilhões entre 2023 e 2025 — ainda que muitos convênios tenham sido firmados na gestão anterior.
No governo Bolsonaro, quatro diretores de Benefícios passaram pelo INSS e assinaram convênios com 12 entidades que descontaram R$ 2,1 bilhões. Já sob Lula, três diretores (um deles ainda nomeado por Bolsonaro) assinaram 18 convênios, que resultaram em descontos bem menores, de R$ 235 milhões — em parte, porque muitos ainda não haviam iniciado as cobranças quando a farra foi exposta.
O aumento expressivo de entidades com convênios começou na gestão de José Carlos Oliveira, nomeado por Bolsonaro.
José Carlos Oliveira, que foi presidente do INSS e ministro da Previdência no governo Bolsonaro, assinou em 2021 ao menos três convênios com entidades suspeitas de envolvimento em um esquema de descontos indevidos em aposentadorias, que arrecadaram R$ 695 milhões.
Entre essas entidades, a que mais lucrou foi a Ambec, que recebeu R$ 500,9 milhões entre 2021 e 2025. Segundo a Polícia Federal, a Ambec repassou R$ 11,9 milhões a Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como operador do esquema.
A Controladoria-Geral da União (CGU) revelou crescimento expressivo na arrecadação da entidade: de apenas R$ 135 em 2021 para R$ 14,9 milhões em 2022, e R$ 91,3 milhões em 2023 — um aumento de mais de 110 mil vezes em um ano. Crédito: Fabio Serapiao