Lideranças evangélicas intensificam mobilização de fiéis e investem capital político e religioso para fortalecer o retorno de Jair Bolsonaro ao cenário nacional

Com a proximidade das novas manifestações convocadas por Bolsonaro, um movimento crescente entre lideranças evangélicas tem chamado atenção: pastores de diversas denominações estão mobilizando fiéis em massa com um objetivo claro — fortalecer o bolsonarismo e pressionar pela retomada de seu protagonismo político.
Nas últimas semanas, figuras como o pastor Silas Malafaia intensificaram discursos políticos em cultos, redes sociais e canais religiosos, incentivando a participação dos evangélicos nos atos marcados para o próximo domingo, no Rio de Janeiro.
A relação entre Bolsonaro e líderes evangélicos foi um dos pilares de sua força eleitoral em 2018 e 2022. Agora, mesmo inelegível, o ex-presidente continua sendo tratado por esses pastores como o “único capaz” de enfrentar o presidente Lula e o que eles chamam de “ameaças à fé e à família”.
Malafaia, um dos mais ativos nesse processo, tem chamado os atos de “manifestações patrióticas” e desautorizado qualquer outro tipo de protesto fora do evento organizado pelo círculo mais próximo de Bolsonaro. “Não é hora de divisão, é hora de unidade em torno de um líder que não se curva ao sistema”, disse em um de seus vídeos mais recentes.
Esse alinhamento tem gerado críticas de parte da comunidade cristã, que vê o uso da religião como instrumento político. Mas, para os apoiadores, trata-se de um “chamado de Deus” para salvar o país de uma “agenda progressista” que, segundo eles, ameaça os valores cristãos.
Com Bolsonaro fora das urnas até 2030, os pastores apostam também em nomes próximos, como Michelle Bolsonaro, Tarcísio de Freitas ou mesmo o senador Rogério Marinho, recém-lançado em pesquisas internas do PL. A mobilização atual é vista como um termômetro da força do bolsonarismo evangélico — e um aviso de que, mesmo sem cargo, o ex-presidente segue com capital político de sobra no meio religioso.